segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O amor do soldado

A grande batalha chegou. Alcançou o front, ultrapassou a linha de defesa e atingiu em cheio o peito acuado e tímido que insistia em fazer as coisas de um jeito que só ele entendia. A linha do tempo entregou, num equívoco de seu companheiro que escancarou a porta da paixão. A paixão já não contava com a proteção do amor que, se não tivesse presente, estava doente, enfraquecido. Fraco de ciúmes, de saudades, de incertezas. Mas a linha do tempo entrega de um jeito estranho. Entrega uma mentira forjada de verdade. Uma verdade tão absurda que nunca será verdade, mesmo. E a sua verdade absurda, se misturou com a verdade do outro lado. O fogo amigo virou inimigo, com a artilharia pesada de um outro soldado, morto. Este, renasceu de um lugar inimaginável, mas que fingiu-se de ausente nesta batalha inconsciente. Perdi. A vida em rede mostrou-se o mais traiçoeiro dos soldados.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Download de saudade

Nada mais poético do que falar de saudades. Saudade é combustível para música, poesias, desabafos. Saudade é a dor que alimenta os românticos. Saudade é a doença que aquece o corpo. A febre faz delirar, mas a saudade, ah, a saudade faz sonhar acordado. Num piscar de olhos a saudade aparece, repleta de sons, cheiros, imagens, texturas. E a saudade, meu amigo, é alimentada diariamente pelas redes sociais. Ela vem nos likes da vida, no compartilhamento de sensações, e em 140 caracteres carrega o peso de um drama shakespeariano. Baixamos a saudade sem perceber, sem autorização. Passa pelos filtros e chega no peito carregada de emoção. Ah, saudade, porque ainda te procuro.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Dores, muitas dores

Vamos falar de você? Então vamos falar de nós dois. Vai falar de mim, então fale primeiro para mim. Sua dor é minha dor. Se você tem muitas, eu tenho todas.

Fraqueza

Liberdade.
Uma palavra que proferida está liberta, mas que guardada na
frustração de outrem, toma o sentido inverso da verdadeira libertação
pretendida por muitos.
Incompetência.
Qualidade (?) (in) nata de determinados seres humanos que
apontam culpados quando a culpa é de algum deles.
Incoerência.
Fraqueza de pensamento, ausência de argumentos, insegurança
disfarçada de prepotência e pitadas de orgulho idiota.
O mundo virtual está cheio de fracos.

Eterno

Alguns momentos se tornam eternos depois que perdemos. Mas esse eterno é superficial. Hoje parece mentira, parece sonho, parece ilusão. Ilusão de algo que foi real. Perdemos a oportunidade de eternizar o beijo, o cheiro, o toque, o sabor da paixão. Imaginemos, mas não é o suficiente. Suficientemente eterno para que no momento da fraqueza, no momento do rompimento, ou na saudade que teima em buscar fantasmas afirme que tudo não passa do falso eterno. O te amo para sempre fica preso no tempo. Se eu soubesse que essa frase seria a última, eu não a teria dito, se o beijo que te dei seria o último, beijaria você para sempre, tocaria você para sempre, se soubesse que o caminhar de mãos dadas seria o último. Você se foi, mas permanece no eterno. Nas suas multinacionalidades, no seu frescor, na sua música, no seu desenho, na sua obra. Você é eterna numa realidade que não existiu.

domingo, 6 de março de 2011

O troco

O troco vem......rápido e rasteiro, lento e sorrateiro. A regra é aplicada, na teoria e na prática levada. O susto apareceu, foi na dela e me atendeu. A louca se fez sentida, se fez ouvida. O louco se fez de rogado, intrigado. Tanto fez que encontrou. Tanto fez que se acabou. Tanto quis, que mereceu, tanto fez que apareceu. O troco vem em moedas pequenas, o pagamento numa bolada. Depois de pagar, provocou, fez dela a errada. Quando recebeu, praticamente se afogou, e isso é só meu.
A louca tinha razão,  o louco teve razão, a próxima, trocou a emoção pela razão.
Se fez sentido? Ainda faz. Se faz sentido? Nunca fez.
E agora, João? Qual sua razão?

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Existe alguém

Alguém respira o meu ar
Minha cidade e meu amor

Alguém é líquido
na superfície do mar.

Alguém nasce e morre
no meu espaço e no meu tempo

Alguém me indaga
Alguém me responde.

Engano

Dei-te o bem maior
que dentro de mim havia.

Dei-te meus últimos sonhos,
minha alegria.

Dei-te tudo de mim,
dei-te o amor!

De todas as coisas que tinha
dei-te as mais caras e duras,
dei-te a vã ilusão
e a esperança futura.

Dei-te tudo que existe em mim
E dentro de mim, existem coisas ruins.

domingo, 25 de abril de 2010

Sonhar

Um dia imaginei que um rosto seria real. Uma imagem, que me acompanhou desde que percebi que precisava de uma surgiu para mim. Começou a tomar forma, o contorno de seu rosto, sua voz, suas brincadeiras, suas risadas, tudo isso era familiar. Num dia, real, realidade, no outro, saiu da minha vida mas não voltou para o sonho. Virou um pesadelo. Eis que me volta num sonho. Será que começa tudo de novo?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Uma boa dose de melancolia combinada com um pouco de alegria

Já dizia Vinícius que todo poeta só é grande se for triste. Minha pretensão não é ser poeta, tampouco triste, mas como bom artista, pelo menos de sangue, uma dose generosa de melancolia aquece o coração, ativa a circulação e renova as esperanças, afinal, para deixar de ser alegre, basta um pouquinho de tristeza, e a tristeza pode vir disfarçada de um bolero, uma cantiga, uma lembrança, um poema, um cheiro, um sabor, um som. São todas expressões artísticas com gostinho de saudade.

Eu tenho saudade do minuto passado.

Alguém consegue me escutar?

Quem sabe dizer o que pode acontecer amanhã? Quem sabe apontar um caminho que seja seguro? Quem sabe dizer que esta escolha é melhor do que aquela? Perdoar, quem sabe? E compreender algumas atitudes, alguém arrisca? Quem sabe o que está dentro de nós, de verdade? Quem apostaria no que acontece depois de amanhã? Alguém sabe me dizer o porquê dessa mudança?

Ninguém pode responder pelas suas atitudes, por seus gestos, pelas suas escolhas. Perdoem-me os religiosos, mas não é o "Salvador". Perdoem-me os matemáticos, mas não é a estatística. Os palpiteiros de plantão, mas não é a fofoca. Os bêbados solitários mas sociáveis, no seu antagonismo peculiar, nem sonham.

Quem luta, quem está ao seu lado, quem enfrenta as dificuldades, quem escuta o seu coração, o vosso, o nosso, esse sim pode arriscar. Quem está longe, mas conectado de alguma forma, quem está perto demais e não percebe, quem te acompanha, à distância, quem te viu crescer, vencer, perder, chorar, gargalhar, inventar, de apelidos a músicas, de histórias a estórias. Esse sim pode dizer, quem sabe até afirmar.

Quem sabe quem é, sabe quem é. Quem sabe ler os caminhos tortuosos, diria eu -cíclicos, compreende essa arrogância.
E por falar em arrogância, quem é arrogante o suficiente para não enxergar arrogância nestas palavras?

Alguém escuta tudo isso? Alguém sente tudo isso?
Mas quem sabe tudo isso?